«Segundo
o Bastonário da Ordem dos Médicos os
portugueses são uns queixinhas, têm a "cultura da reclamação", uma
espécie de "piegas" em modo clínico. Antes de continuar, uma nota
para discordar, nós portugueses não temos uma cultura de consumidor
exigente e informado, aliás, muitas vezes, quando decidimos reclamar de algum
serviço ou bem, o que nem sempre fazemos, ainda pedimos desculpa e nos
sentimos embaraçados, mas adiante.
O
Bastonário acha então que a melhor forma de levar a que os portugueses não
sejam uns queixinhas face aos actos profissionais da classe médica será, consta
em proposta de revisão dos Estatutos da Ordem, exigir o pagamento de
uma quantia "simbólica" que se prevê poder atingir 102€ para
apresentar uma reclamação à Ordem. A quantia será devolvida se a queixa
for julgada procedente.
As
pessoas que fizerem prova, mais um processo exigido, de "insuficiência
económica" poderão ficar isentas deste pagamento para a sua queixinha.
Com o
pagamento pretende-se minimizar as queixas sem fundamento e a facilidade
com que, diz o Bastonário da Ordem dos Médicos, as pessoas abusam das queixas.
Confesso
que compreendo o problema, aliás, Passos Coelho depara-se com a mesma situação
e numa escala bem mais complicada.
Os
portugueses são uns queixinhas, cheios de pieguices, sempre a reclamar, sempre
a protestar, nada lhes parece bem, enfim, uma gente mesmo chata de aturar.
Nesta
conformidade parece-me bem que o Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos perca
a paciência com esta gente que protesta, que quer fazer queixa dos actos
clínicos, ainda por cima, sem perceber nada de medicina. As pessoas abusam
mesmo, não se enxergam.
Assim
sendo, parece-me muito bem que quem quiser reclamar de alguma coisa que
pague a queixa e depois logo se vê.
Só
mais um pequeno pormenor. Se o custo de uma reclamação ficar nos 102€
parece-me muito pouco, uma ninharia, com este valor ainda existirão algumas
pessoas que se atrevem a apresentar queixa, deveria ser bastante mais elevada e
não prever qualquer tipo de isenção.
Assim
sim, talvez se pudesse acabar, quase, com as queixas.
Assim
tudo decorreria com maior tranquilidade.»